My friend Rafael is helping me practise my written Portuguese by giving me little essays each week which he corrects. This is our first one. As you can see, I was kind of pissed last week when I wrote it, ha. Here is my take on the Jeitinho Brasileiro. I know it could be a little bit more balanced, and I could have given a better example, but let's just see it as an exercise in 'opinion essays', as I was doing with my ESL students the other day, for example. Hehehe.
O Jeitinho Brasileiro
Obs: Às
vezes minha vista do Brasil pareça um pouco destorcida nesta redação. Eu
geralmente vejo o Brasil de uma forma positiva, mas fiquei desiludida após
acontecimentos recentes burocráticos.
O conceito do ‘jeitinho brasileiro’ é
efetivamente uma maneira escondida de descrever o ato de manipular pessoas e situações
em proveito próprio.
Para entender o porquê este ‘apto’ é
exclusivamente um apto brasileiro, precisa-se conhecer um dia típico na vida de
um brasileiro. Para realizar qualquer tarefa oficial aqui, é preciso se matar
tentando imprimir os documentos (o Xerox não está funcionando, o segundo que
você tenta não consegue abrir PDF, o terceiro está sem papel, o quarto faz
apenas Xerox e não imprime, e o quinto, no caminho para qual você se perdeu
durante uma hora, está sem grampeador); autentificá-los (você tem que andar de
ônibus para chegar e os três caixas eletrônicas perto da sua casa não estão
funcionando para você sacar dinheiro para pagar a passagem); e levar para
qualquer agência dita ‘’oficial’’
para esperar uma, duas horas numa (ou em varias filas – não esqueça que aqui
existe essa bobagem de ‘’triagem’’ e uma obsessão nacional com a senha em todo
lugar) para um funcionário publico olhar, durante menos de um segundo, no seu
documento (se você está com sorte).
Assim sendo, se der algum jeito de acelerar
esse processo, a maioria das pessoas aproveitarão a oportunidade. Se você tem
amigo que é funcionário publico ou se você é boa em paquerar o funcionário no
banco, você aproveita disso. Como se vê, até realizar tarefas simples aqui exige uma enorme
quantidade de esforço, tempo, e dinheiro. É por isso que esse fenômeno pode
parecer exclusivamente brasileiro. É uma conseqüência do sistema brasileiro.
Eu tenho juntado muitas experiências com
aquele “jeitinho” durante minha estadia aqui – geralmente não que eu mesma use,
mas sim observo no comportamento de brasileiros a minha volta. Acredito que,
como regra, estrangeiros não são tão hábeis a aproveitar desse ‘’apto’’ por
causa de uns obstáculos: 1) A noção geral que o povo de uma sociedade desejam o
melhor um para o outro 2) A expectativa que é razoável confiar no sistema
publico para se ajudar a resolver seus problemas, 3) Uma falta de contatos
locais em vários lugares aos quais se
pode recorrer quando se precisa.
Assim, eu contarei uma experiência que está
bem viva na minha memória porque trata-se da dona da minha republica, para quem
eu paguei o aluguel essa noite:
Em novembro do ano passado eu tive uma experiência
traumática quando tirei meus dentes de siso, que envolveu muito sangue e uma
visita na emergência. Quando voltei para casa o Guillaume estava cuidando de
cada movimento meu, pois estava muito fraca e com muito dor. Ele dormia num
colchão ao lado da minha cama, no chão. A manhã seguinte ele acordou sentindo água
nos pés dele – meu quarto estava alagado. Eu estava ambos chocada e não chocada:
fazia 3 meses que o pedreiro estava selando um vazamento no teto do banheiro cada
três semanas (depois de, claro, cada vez quando vazou novamente, eu pedir
durante uma semana).
A chuva forte tinha derrotado, novamente,
aquele vazamento – mas, durante a noite, quando dormíamos e não podíamos pegar
uma balde para nos proteger da água. Chamamos a dona, que chegou com pressa,
pois meu amigo da república tinha mencionado alguma coisa que tinha a ver com
dinheiro naquela telefonema, e ela me pôs num quarto no outro andar, com
colchão e lençóis frescos para meu namorado. Ela garantiu que o problema seria
resolvido. Fiquei três semanas naquele quarto.
Enquanto eu ficava naquele quartinho, meus
amigos da republica me encorajaram de pedir desconto para ela. Eu estava com
vergonha de fazer isso. Durante aquelas três semanas, a dona aproveitou do fato
que eu estava fora do quarto para repintar as paredes. Após duas semanas e meia, ele pediu a construção de uma gambiarra gigante
no teto, para impedir o vazamento.
Quando eu estava preste a voltar para meu
quarto, e pronta para pedir meu desconto, a dona da república revelou paredes
frescas azuis e um espelho novo. Estava então com muita vergonha de pedir
desconto. “Querida”, ela explicou, “você mereceu”. Usando essa frase de “eu
mereci”, ela transformou suas ações interesseiras (reformando o quarto para
aumentar seu valor para o próximo cliente sem perder tempo para alugar, já que
ainda me pertencia) em me fazer um favor!
Ainda bem que não tem mais alagamento no
meu quarto desde então. Mas tinha um grandíssimo buraco no meu teto que só foi
arrumado faz uma semana.
Isso é, meus amigos, um excelente exemplo
do ‘’jeitinho’’ de um profissional experiente na arte. Essa dona ai, Dulcie (ou
alternativamente, “DURRRCIII”) tem um bom jeitinho – ela consegue manipular as
pessoas e as situações para proveito próprio, embora elas possam parecer
inicialmente como problemas. Uma observação interessante, portanto: o jeitinho
dela poderia se melhorar se conseguisse NÃO fazer todos os moradores da
república odiá-la.
Em minha opinião, não tem muitas resoluções
para o “jeitinho”, pois é uma resposta profundamente arraigada a um sistema
desnecessariamente burocrático e difícil.
Acredito que não existe um equivalente
australiano, porque nossas condições e nosso sistema para resolver problemas é mais
eficiente do que aquele do Brasil, o que significa que nos não precisamos
recorrer ao “jeitinho”.
Por fim, quero ressaltar que o Brasil vai
ficar amaldiçoado por seu “jeitinho” até que tenha uma mudança na escala
nacional sobre a resolução de problemas, e até que o sistema (inclusivo todos
os serviços públicos, os bancos, etc) seja reorganizado, de uma maneira
efetiva, e não apenas pelo fato de mudar, para se tornar eficiente.
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